No município de Sorriso (396, 8 km de Cuiabá), um dos maiores produtores de soja do mundo, 30 propriedades de até médio porte (com 15 módulos fiscais) foram contempladas com um relatório/guia para atender aos critérios de certificação da FEFAC (Federação Europeia de Fabricantes de Rações). O diagnóstico conta com planos de ação robustos, indicando as adequações ambientais e trabalhistas que os proprietários precisam fazer para certificar sua soja junto ao mercado internacional de grãos.
Esse trabalho faz parte do projeto intitulado “Implantação dos critérios exigidos pela Certificação FEFAC em imóveis rurais, como metodologia inovadora de Fomento à produção de Soja Responsável”. A iniciativa – proposta pela Associação Amigos da Terra (CAT) de Sorriso – é financiada pelo Programa REM Mato Grosso, por meio de seu subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS) – no eixo “Soja Responsável”. O CAT é uma entidade sem fins lucrativos, que atua no desenvolvimento tecnológico do Agronegócio de forma harmônica com o meio ambiente.
“Foi muito relevante para a nossa propriedade. Eles fizeram o levantamento de todas as adequações que a gente precisa fazer de segurança dos trabalhadores, envolvendo as NRs (Normas Regulamentadoras da Segurança e da Medicina do Trabalho). Então, a gente está bem feliz com esse projeto na nossa propriedade”, enfatiza Milene Arque, proprietária da fazenda Agropecuária Querência, em Sorriso.
Planos de ação
O projeto foi concluído no início deste mês e o REM MT foi à campo conferir os resultados dos diagnósticos em duas fazendas, na região de Sorriso. Agropecuária Querência foi uma delas. Estiveram à frente da visita de monitoramento, Daniele Melo e Leonora Goes, respectivamente, coordenadora e engenheira florestal do PIMS/REM-MT.
“A CAT contratou uma assessoria que recrutou 30 propriedades, de pequeno e médio porte, e fez os diagnósticos, com base nos critérios exigidos pela FEFAC. Cada propriedade recebeu um plano de ação, com classificação de riscos quanto à urgência do que precisa ser feito imediatamente, a longo e médio prazo”, explica Leonora.
Projetos edificantes
Ela destaca que a assessoria também elaborou projetos de edificação aos proprietários, envolvendo estruturas necessárias à segurança dos trabalhadores das fazendas. “Por exemplo, pelo diagnóstico, constatou-se que algumas propriedades não têm depósitos adequados de tanques de combustível ou uma estrutura para colocar os agroquímicos. Então, foram entregues esses projetos prontos de engenharia, para que os proprietários e proprietárias possam contratar engenheiros para executar essas edificações”, detalha.
Soja valorizada
Milena, a proprietária da fazenda Agropecuária Querência, acredita que os diagnósticos irão possibilitar a certificação de sua soja. E com a soja certificada, ela acredita que haverá mais agregação de valor ao seu produto, para ser revendido a um preço maior. “Penso que virá um valor a mais por saca ou por tonelada. Entre os produtores, ainda não é muito difundido esse mercado que compra essa soja mais diferenciada, mas percebo que há uma movimentação nesse sentido”, disse, ao citar, por exemplo, empresas que não fazem negociação com fazendas que não possuem o recebido de inscrição do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é um dos critérios da FEFAC.
Investimentos
Ao todo, o REM MT investiu R$ 1,4 milhão no projeto dos critérios para certificação da soja, via FEFAC. Além dos diagnósticos, o projeto promoveu a capacitação e treinamento dos envolvidos sobre “Boas práticas Agrícolas” e “Saúde e Segurança do Trabalho”. O projeto também ampliou o conhecimento dos fazendeiros e fazendeiros sobre a Cadeia de Custódia, Valor e Certificação FEFAC de soja responsável e livre de desmatamento.
Por Marcio Camilo
edição: Mariana Vianna