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‘Time de capins’ e modelagem computacional. Saiba o que rolou na abertura da 4ª Vitrine Tecnológica em Juara

 

Começou, nesta quarta-feira (11.05), o evento 4º Encontro Técnico de Ataulização . Trata-se de um dos encontros mais importantes de soluções tecnológicas para a produção agropecuária da região do município de Juara (693, 9 km de Cuiabá), no bioma amazônico, região noroeste de Mato Grosso. Nos próximos três dias, estarão reunidos no Centro de Eventos Savoine, algumas das principais referências nacionais em estudos de melhoramento de pastagem para a alimentação do gado, bem como na utilização dessas áreas para produção agrícola de soja e milho, por exemplo. O objetivo é conscientizar produtores rurais e técnicos da área sobre a necessidade de uma produção mais sustentável, de baixo carbono e alinhada com as exigências do mercado internacional, que compra essas commodities de Mato Grosso. 

 


Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 
PRIMEIRO DIA

O primeiro dia contou com palestras de professores universitários, técnicos extensionistas e especialistas do setor. Os produtores tiraram várias dúvidas sobre como melhorar a produção em equilíbrio com a natureza. 

João Luiz, por exemplo, era um dos mais interessados em ouvir os especialistas. A curiosidade não era por menos, já que ele tem um média propriedade em que trabalha com a criação de gado para o corte, e também busca diversificar a utilização da terra, por meio da agricultura. 

“O importante para mim e para os outros produtores é saber como funcionam esses sistemas integrados: qual o tipo de forrageira [espécie de planta que serve de alimento para o gado], que vai satisfazer melhor e a questão de quando vai acontecer o lucro, depois desses investimentos. Nós, que temos propriedade, já temos um certo conhecimento. Aí com essas informações dos especialistas, isso só tem a agregar na nossa atividade”, destacou.  

 

Produtor rural faz perguntas durante o evento. Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 

TIME DE CAPINS 

Manoel dos Santos, professor de forragicultura da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), proferiu a palestra “Como ter um bom pasto diferido na seca?”. Ele, que estuda plantas forrageiras, pastagens e processos de conservação da forragem, fez uma analogia com o futebol para explicar a importância de diversificar os tipos de capins para o alimento do boi.

“O time de futebol, por exemplo. Você tem uma equipe. Cada integrante dessa equipe possui uma determinada habilidade. Você tem um atacante, um zagueiro, o meio de campo, o goleiro… é a mesma coisa que o pecuarista deveria fazer, montar um time de capins: um capim que brota mais rápido, quando começar a chover; outro que cresce mais no meio do período das águas… então, se ele montar esse time de capins, seu sistema vai ter uma produção de forragem de alimentos mais estável ao longo dos meses do ano”, explicou o especialista.

 

 Manoel dos Santos, professor de forragicultura da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 

Para ele, eventos como esses proporcionam muito conhecimento, para que o produtor trabalhe com mais eficiência na sua fazenda. 

“Para fazer melhorias no sistema de produção, você tem que conhecer. Esse tipo de evento proporciona a possibilidade de sair daqui com um grau maior de conhecimento. Isso é a base para que ele possa chegar em sua propriedade e começar a colocar as tecnologias que vão resultar em melhorias na sua produção”, enfatizou.  

Já para Leonora Goes, mestre em Ecologia e profissional sênior do Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS) do Programa REM Mato Grosso, o evento traz de novidade as atualizações de tecnologias na área de integração pecuária-lavoura.  

 “O enfoque é o corpo técnico que atua no dia a dia do campo, dando assistência nas propriedades e trazendo inovação para a ponta. O evento tem apresentado não só na teoria, mas também mostra na prática, através de ensaios experimentais de campo, os benefícios produtivos da integração desses sistemas de produção”, elencou. 

 


 Leonora Goes, mestre em Ecologia e profissional sênior do Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS)  – Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 QUEBRANDO PRECONCEITOS

Renata Taques, coordenadora de marketing do programa de pesquisa e extensão da Universidade Federal de Mato Grosso (AgriSciences), destacou que a Vitrine Tecnológica serve para desmistificar alguns preconceitos em relação à produção pecuária e mostrar que sim: é possível produzir commodities de maneira mais sustentável. 

“Hoje, muitas das pessoas que vivem na cidade, tem uma visão equivocada, de que a pecuária só agride o meio ambiente. Mas, o que o AgriSciences tem em seu DNA como atuação, é uma pecuária de baixo impacto de emissão de carbono. Uma pecuária que trabalha com sistemas integrados, que são tipos de culturas que manejam melhor o solo, que, a partir disso, consegue sequestrar mais carbono e gerar mais sustentabilidade”, detalhou.  

 


Renata Taques, coordenadora de marketing do programa de pesquisa e extensão AgriSciences – Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 

ORGANIZADORES DO EVENTO

O AgriScience é um dos organizadores do 4º Encontro Técnico de Atualizações, juntamente com a UFMT, Programa REM Mato Grosso, Fazenda Santa Sofia, Projeto Rural Sustentável e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer-MT).

Sobre o que é o AgriSciences, Renata explica que se trata de um projeto de pesquisa e extensão  “que conecta o campo à cidade, de forma que a pesquisa e a ciência chegue até o produtor rural, com objetivo de melhorar cada vez mais a atuação da agricultura do país”.

 


Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 

MODELAGEM COMPUTACIONAL

Uma das pesquisas do projeto é financiada pelo REM MT, por meio do Subprograma  Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS). Trata-se da modelagem computacional, em que um software simula quais sementes de soja, milho e arroz se adaptam melhor ao clima e ao solo de uma determinada região. A ideia é desenvolver sementes híbridas e integrá-las à produção pecuária. Esse experimento ocorre na prática, na Fazenda Santa Sofia e será conferido de perto, no sábado (14.05), pelos participantes da Vitrine Tecnológica. 

“A gente coleta os dados dos experimentos, joga isso num modelo computacional e conseguimos fazer predições, para entender o quanto cada cultivo desse sistema vai ser benéfico, ou não, para a qualidade do solo, para a pegada hídrica, para ver o quanto de carbono vai ficar para o solo e o quanto que vai para atmosfera, ou seja: a gente consegue estudar a sustentabilidade a longo prazo, desses sistemas, a partir da coleta de dados desses experimentos, fazendo previsões futuras daqui há 10 ou 20 anos”, explica Wininton da Silva, engenheiro agrônomo extensionista da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT).

 

Winiton da Silva, extensionista da Empaer-MT. Foto: Fernanda Fidelis/REM MT

 

Segundo os especialistas, a modelagem computacional pode fornecer os arranjos corretos, garantindo o “aumento da qualidade do solo, o aumento de produtividade, sem aumento de custo de produção, e num enfoque para o produtor ter mais lucro, sem a necessidade de ter que desmatar novas áreas”. 

 

PROGRAMAÇÃO INTENSA

O 4º Encontro Técnico de Atualização  segue com a programação de palestras nesta quinta (12) e sexta-feira (13). Já no sábado, ocorrerá o segundo evento, que será a 4ª Vitrine Tecnológica, onde os produtores vão presenciar na prática algumas das tecnologias que foram abordadas pelos especialistas, em especial, os experimentos de sistema integrado de lavoura-pecuária, que ocorrem na fazenda Santa Sofia, e que são apoiados pelo REM MT. 

 

Por Marcio Camilo e Fernanda Fidelis / REM MT 

 

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