Mato Grosso é conhecido por sua exuberante biodiversidade e pelas vastas áreas florestais, além da forte produção de commodities. Para manter esse reconhecimento, aliado à sustentabilidade, o Programa REM MT investiu na capacitação de profissionais envolvidos em todo o processo do Manejo Florestal Sustentável.
De julho a novembro deste ano, uma série de capacitações foram realizadas nos municípios de Nova Maringá, Sinop, Brasnorte e Cotriguaçu. O público foi diverso, abrangendo todos os profissionais que lidam no dia a dia com a atividade de manejo florestal, como analistas ambientais, engenheiros florestais, profissionais autônomos que operam equipamentos e maquinários, entre outros.
Esse esforço busca promover práticas que conciliam a exploração dos recursos naturais com a conservação ambiental, reconhecendo a importância vital de preservar as riquezas naturais do estado, pontua a superintendente de desenvolvimento do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Bárbara Pimentel.
“O critério norteador para a participação nas capacitações foi o envolvimento com as atividades de manejo florestal sustentável, tanto para os colaboradores que atuam nas operações florestais e que muitas vezes adquiriram o conhecimento com a prática, quanto para profissionais da engenharia florestal”, explica a superintendente.
Bárbara ainda destaca que a primeira turma da capacitação em técnicas Especiais de Corte de Árvores e Segurança em Manejo Florestal contou com a participação de alunos da graduação em engenharia florestal da UFMT/Cuiabá, formada em sua maioria por mulheres.
Mais mulheres participaram da capacitação (Foto: Reprodução)
“Com essa oportunidade, houve grande participação de mulheres, que sairão capacitadas em uma atividade em que atualmente predominam homens, como é o caso da operação de motosserras”, salienta Bárbara.
A qualificação abordou assuntos também diversificados, como identificação botânica das 50 espécies mais comercializadas em Mato Grosso, planejamento de estradas e infra estruturas permanentes, dispositivos de drenagem, técnicas pré-exploratórias relacionadas ao planejamento inicial das atividades, incluindo a escolha e delimitação de áreas, a abertura das trilhas, a condução do inventário florestal, a organização de dados, confecção de mapas, inventário florestal, planejamento de arraste de toras, atividade de corte de cipós, entre outros.
O QUE É MANEJO FLORESTAL E SUA IMPORTÂNCIA
O manejo florestal sustentável é uma importante atividade econômica que possui em seu escopo a premissa de utilizar os recursos florestais por meio de técnicas de impacto reduzido. Por conta disso, é uma atividade fundamental para garantir a longevidade da floresta e de seus recursos ao longo do tempo, contribuindo também para a agenda climática.
O Instituto Floresta Tropical (IFT) foi contratado pelo Programa REM MT, por meio do subprograma Produção Sustentável, para realizar as qualificações.
Responsável pelas capacitações, o coordenador dos projetos do Instituto Florestal Tropical (IFT), Marcelo Galdino, explica que a qualificação é importante para unir o tripé de sustentabilidade.
“No caso do manejo florestal a ideia é garantir o tripé de sustentabilidade. A gente tem que olhar pro social, tem que olhar a questão econômica, logicamente, e também a questão ecológica. Então, com as capacitações, o objetivo é passar essa visão, que o importante é garantir esse tripé, tanto da questão econômica, que para as empresas que trabalham no setor produtivo é fundamental, mas também olhar um pouquinho a questão social e a questão ecológica. É preciso avaliar tudo isso e só através de treinamentos e capacitações em exploração de impacto reduzido é que você consegue desenvolver realmente um manejo florestal sustentável”, aponta Marcelo.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Bárbara defende ainda que a capacitação tem papel significativo para atualizar os conhecimentos dos profissionais. “Ao capacitar os colaboradores envolvidos com o manejo, além da reciclagem dos conhecimentos prévios, ocorre também a atualização de procedimentos que otimizam as operações, reduzindo custos e desperdícios, além de aperfeiçoar técnicas com novas tecnologias”.
O empresário do setor de base florestal, Wicler Fábio, participou da capacitação “Planejamento e Infraestrutura e planejamento e arraste”. De Brasnorte, ele comenta que a qualificação foi de suma importância para se manter atualizado.
“Essa capacitação já está ajudando nas explorações de nossos projetos de manejos. E sabemos que com essas capacitações nossos colaboradores vão estar sempre atualizados a fim de que possamos explorar os manejos com consciência e sempre cuidando do meio ambiente”, avalia o empresário.
APOIO DO REM MT
Por meio do subprograma Produção Sustentável (PS), o Programa REM MT investiu R$1.366.288,29 em capacitações. Marcelo avalia que a articulação do programa com os órgãos ambientais foi fundamental para a realização das qualificações.
“Sem esse empenho do programa REM nessas articulações, os cursos não poderiam ter acontecido. Então, é uma contribuição significativa do programa para o sucesso desse projeto de capacitações e treinamentos em manejo florestal e exploração de impacto reduzido no Mato Grosso”.
De acordo com a coordenadora do subprograma Produção Sustentável, Daniela Melo, o plano estratégico da cadeia da madeira no contexto do REM MT foi definido em uma oficina, em parceria com a IdH em 2022, contando com a participação de diversas instituições, como SEMA MT, UFMT, IFMT, INDEA, IBAMA, EMBRAPA, CIPEM e ICV.
Durante a oficina, uma das iniciativas destacadas foi a implementação de um plano de capacitações em exploração de impacto reduzido e conformidade em manejo florestal sustentável.
“Antes da oficina, já tínhamos promovido uma capacitação em identificação botânica das espécies arbóreas e madeireiras mais comercializadas no estado, destinada aos servidores da SEMA MT. Após a oficina, realizamos um segundo módulo dessa capacitação, desta vez voltado para os servidores do IBAMA e INDEA. Para o plano de capacitações, também foram conduzidas capacitações em técnicas pré-exploratórias, destinadas aos motosserristas, além de treinamentos em planejamento de infraestrutura e planejamento de arraste de toras. Tivemos um retorno positivo dos participantes, com quase 100 pessoas capacitadas”, explica.