Servidores vão poder reconhecer com precisão a flora do cerrado pelo curso do SEMA(Foto: REM MT)
O pequi do Cerrado, o babaçu da floresta e o paratudo do Pantanal, para reconhecer e identificar as espécies do Bioma Cerrado, seja da floresta ou da savana mato-grossense, servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) participaram do curso de Capacitação em Identificação Botânica. Em meio à vegetação do Parque Massairo Okamura, em Cuiabá, a parte teórica da capacitação foi finalizada nesta sexta-feira (29).
Apoiado pelo Programa REM MT, o curso visa capacitar servidores da Sema, que atuam na Gerência de Tipologia Vegetal na identificação botânica das espécies. A Gerência tem por competência analisar, vistoriar e aprovar a tipologia vegetal das propriedades rurais – se elas estão inseridas no cerrado ou na floresta.
O reconhecimento da diversidade vegetal vai auxiliar na definição do percentual de reserva legal das propriedades rurais, para garantir a aprovação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) dos produtores. Atualmente, foi definido que propriedades que estão no Cerrado devem ter 35% de área de reserva legal, enquanto as propriedades de floresta devem destinar 80% de conservação.
Trabalhando na Gerência de Tipologia Vegetal, o analista de meio ambiente, Antonio Miguel, participou do curso promovido pelo SEMA com a intenção de resgatar o que aprendeu na faculdade e se aprimorar cada vez mais.
“O produtor rural precisa saber o que de fato está definido em sua área. Na verdade, já existe a base RADAM, que é seguida pela Sema. Mas, às vezes, há discordância dessa base apresentada nos projetos de tipologia. Por exemplo: minha área está classificada como floresta e eu quero classificá-la como cerrado, então tenho que apresentar um projeto técnico na Sema”, explica Antônio.
Apesar de utilizar o RADAMBrasil – iniciativa criada em 1970 na Amazônia, com o objetivo de fazer o mapeamento e o levantamento de recursos naturais dessa região – o projeto precisa atualizar os dados, explica o analista de meio ambiente Daniel Marsaro.
“A nossa base de referência é o RADAM Brasil, de mapa de vegetação. Ela tem alguns equívocos, porque foi feita há muito tempo e numa escala diferente do que a gente tem hoje da evolução de satélites. Então, a gente precisa readequar, e quando o produtor tem o interesse para aperfeiçoar e de fato definir o que tem na área dele, ele solicita através de um projeto técnico para Sema”, conta Daniel.
Além de se atualizar, a capacitação vem para facilitar a vida do produtor. “O curso do SEMA veio exatamente por esse motivo, para a gente padronizar e que todos os técnicos possam fazer o trabalho da melhor forma possível. A gente precisa ter todos capacitados para identificar de fato o que a gente tem em campo. Se você tem essa base de referência errada, quem está sendo prejudicado é o interessado, ou seja, o produtor”, pontua Daniel.
A CAPACITAÇÃO
Mara explicando a morfologia do fruto no curso promovido pelo SEMA (Foto: REM MT)
Finalizando a parte teórica, a professora Mara Silvia Aguiar Abdo, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), repassou todos os conhecimentos sobre a morfologia das plantas, desde a raiz até os frutos. Responsável por ministrar a capacitação teórica, segundo a professora, a ideia é colaborar também na identificação da flora mato-grossense.
“Vamos fazer a herborização, as exsicatas, para que sejam depositadas em coleções, e para que se tenha no estado de Mato Grosso um local onde tenha essas coleções para que a gente possa ter um registro de quais plantas existem no nosso estado e quais plantas são típicas de cerrado, de floresta ou áreas alagadas, como o pantanal”, cita a professora.
APOIO DO REM
O programa REM MT apoiou a organização do curso, fazendo o contato com a professora, contratando o identificador botânico (prático de campo) e fazendo o custeio com diárias e veículo de apoio no campo, conta o Ponto focal do Subprograma Fortalecimento Institucional e Políticas Públicas Estruturantes (FIPPE), Elton Sampaio.
“A iniciativa do curso partiu do Gerente de Tipologia Vegetal, Daniel Marsaro, e foi com satisfação que o Programa REM acolheu o curso, pois se trata de uma atividade que requer bons especialistas. Além disso, é de grande importância para a conservação da biodiversidade, para o conhecimento da flora do Estado e para manutenção da floresta em pé”, explica Elton.