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Programa REM MT ajuda a diversificar produtos orgânicos e fortalecer agricultura familiar de Juruena

Na avenida dos Trabalhadores, em Juruena (894 km de Cuiabá), funciona permanentemente uma feira com produtos orgânicos, da Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur). De hortaliças a doce de leite, o Centro de Comercialização da Agricultura Familiar e Extrativista (Cecafs) ampliou a diversidade de produtos da agricultura familiar da região, proporcionando aumento de renda para a comunidade. 

A Aderjur é apoiada pelo Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT), do programa REM MT. E enquanto o mercado está aberto e os clientes compram seus alimentos, a presidente da Aderjur, Célia Maria relata como os recursos do REM MT auxiliaram na ampliação da associação.

Ela lembra que, antes, nem sequer tinham um escritório. E que se dependessem de recursos próprios, também não conseguiriam investir em uma placa solar, que ajudou a reduzir os custos de produção. O mercado está equipado com freezers, prateleiras e outros expositores.

De segunda a sexta, a população pode comprar alimentos frescos a preço justo, fortalecendo a agricultura familiar. A associação agora vende colorau, açafrão, biscoito de polvilho, bolacha, farinha de babaçu, farinha de banana, doce de leite e queijo, sem contar as inúmeras frutas e verduras.

Presidente da Aderjur, Célia Maria (Foto: REM-MT)

“Fez uma grande diferença na vida das associações. A gente conseguiu ampliar, não tínhamos antes um escritório próprio, vivíamos dependendo de ficar pedindo escritório emprestado. Hoje, graças a Deus, temos o escritório aqui do lado, a gente conseguiu fazer uma reforma, fez pintura, compramos uma placa solar, que fez muita diferença nos Cecafs, porque o consumo de energia era bastante elevado. Com a placa solar, diminuiu bem os custos”, pontua.

Célia faz parte da Associação Marias da Terra, que também foi beneficiada pelo programa. Ao todo, 10 mulheres estão ativas na associação. O trabalho delas foi facilitado, pois não tinham um moinho para fazer a farinha, por exemplo.

“A gente conseguiu também comprar vários equipamentos, graças ao projeto, compramos um moinho, que não tínhamos antes, para triturar a banana para fazer a farinha, antes era no triturador normal e hoje a gente tem esse adequado para fazer a farinha de banana, temos o desidratador e a seladora a vácuo.

Diversificação dos produtos

A agricultura familiar sempre esteve presente na vida de Célia. Natural de Salto do Céu, ela e seus 9 irmãos aprenderam desde cedo com os pais como cultivar a terra. Quando se casou, foi para Juruena. No entanto, nunca teve apoio para produzir.

“Falei assim pras meninas (da associação): por que eu não conheci antes a Aderjur? Eu fiquei uns 4 anos mais ou menos sem saber, que existia uma associação que dava apoio às famílias, até que um dia apareceram na minha casa, falaram do projeto e comecei a participar”, relembra.

Produtos no mercado (Foto: REM/MT)

A diversificação de produtos ajudou mais ainda na participação da família nas cadeias de produção. Eles só tinham autorização para vender verduras e hortaliças, já que produtos de origem animal têm legislação específica e uma vigilância maior.

“Alguns produtos a gente não conseguia comercializar aqui no Cecaf, várias vezes fomos barrados aqui, por não estar com o produto com selo. Teve época que até falaram que ia fechar o Cecaf se a gente não conseguisse regularizar. Mas, estamos conseguindo regularizar já está tudo certo, com selo da associação”, relata Célia.

Com a devida regularização, o Cecaf pode vender queijo e doce de leite. Inclusive, essa era a maior dificuldade deles, explica o engenheiro agrônomo e coordenador do Subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCT), Marcos Balbino.

“Isso é muito difícil de regularizar, mas eles já conseguiram iniciar esse processo, e eles estão querendo regularizar muito mais produtos. Isso potencializa muito a agricultura familiar local”.

Verduras e hortaliças orgânicas

Técnico em agropecuária Liandro Céu fala das melhorias nas hortas após o projeto (Foto: REM/MT)

O técnico em agropecuária Liandro Céu mora em Juruena desde 2003, e até então nunca tinha visto uma iniciativa dessa magnitude. A regularização dos produtos diversificou também a plantação das hortaliças: com o projeto, criaram mais 5 hortas.

“Inclusive o pessoal trabalhando mais com a questão de produtos mais orgânicos, evitando usar produtos agrotóxicos, defensivos”, comenta Liandro. Como técnico, ele tem evitado ao máximo usar agrotóxicos, garantindo um produto mais natural e fresco para o consumidor.

Aliado com a produção minimamente invasiva, eles também mantêm a floresta em pé.

“A gente sempre trabalha na margem mínima possível de produtos tóxicos, e também a gente trabalha em questão de incentivos, manter a floresta em pé, a questão de melhoramento dos quintais agroflorestais, implantação de alguns sistemas”, explica.

Segundo Marcos Balbino, o projeto também proporcionou cultivo anual das verduras e hortaliças aos agricultores. “É um espaço para que os produtores coloquem seus produtos com preço justo, que fica disponível para a sociedade ir ali comprar a qualquer hora produtos frescos”, comenta.

Programa REDD Early Movers – REM

Lançado na Conferência Rio+20 em junho de 2012 e financiado pelo Banco Alemão KfW e pelo governo do Reino Unido (BEIS), o Programa REDD Early Movers (REM) é uma iniciativa inovadora que recompensa os pioneiros na conservação florestal e na mitigação das mudanças climáticas. O Programa fornece pagamentos baseados em resultados para redução de emissões por desmatamento verificadas, tornando-se assim uma iniciativa de REDD, de acordo com as decisões assumidas na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

 

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