A produção de castanha do Brasil, copaíba e borracha natural do povo indígena Rikbaktsa ganhou uma força propulsora: agora eles contam com uma lancha, um trator e um caminhão. Adquiridos por meio de recursos pelo Programa REM MT, os veículos vão apoiar as comunidades das terras indígenas Escondido, Erikbaktsa e Japuíra a escoar suas produções, garantindo assim suas fontes de renda.
A cadeia produtiva da castanha do Brasil é responsável pela maior parte da renda do povo Rikbaktsa, explica Everaldo Dutra, coordenador do projeto. Na última safra, foram produzidas aproximadamente 150 toneladas de castanha. Já a produção de borracha, que foi recentemente retomada, produziu 446 kg até julho de 2023. E a expectativa é aumentar esse número para 1.000 kg.
“O sistema de transporte robusto é fundamental para garantir a produção do povo Erikbatsa, seja promovendo o acesso a novos castanhais, seja no escoamento interno desta produção aos locais de armazenamento e comercialização”, pontua Everaldo.
Uma das dificuldades citadas por Everaldo, por exemplo, era o acesso a novos castanhais. Segundo conta, o sistema de transporte estava defasado, trazendo transtornos para os produtores.
“As maiores dificuldades enfrentadas sem um sistema de transporte adequado eram o mapeamento e acesso a novas áreas de coletas dos produtos não madeireiros, especificamente a novos castanhais, pois por vezes mesmo identificando novos castanhais não era possível realizar a coleta por falta dos meios de transporte da produção. Além disso, transportar a safra para um local adequado de armazenamento era impossível, o que acabava por afetar a comercialização dos produtos, uma vez que não conseguiam juntar a produção em um ponto onde o comprador pudesse chegar”, conta.
Apoio do REM MT
Para ajudar com os custos de transporte nos processos logísticos e desenvolver as atividades produtivas nos territórios, o Programa REM MT, por meio do subprograma Territórios Indígenas, fez a aquisição de um barco, um caminhão e de um trator por meio de recursos próprios. A iniciativa não só beneficia a comunidade Rikbaktsa, mas também contribui para a proteção da floresta.
“Iniciativas como a do Programa REM, que promovem apoio às cadeias produtivas dos povos indígenas e das comunidades tradicionais são extremamente importantes, pois fortalece a renda dos povos indígenas e comunidades tradicionais, respeitando suas culturas produtivas, além de garantir a permanência destes em seus territórios e, consequentemente, garantindo a preservação ambiental”, cita Everaldo.
Projeto Pacto dos Clãs
O Projeto Pacto dos Clãs, Sociobiodiversidade e soberania dos clãs Makwaraktsa e Hazobiktsa do Povo Rikbaktsa é um dos oito Projetos Estruturantes do Programa REM MT. A iniciativa foi beneficiada com apoio de R$ 999.008,00 para atender três linhas temáticas: Produção e Coleta para Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional; Geração de Trabalho, Renda e Comercialização e Mulheres, Equidade e Gênero.
O coordenador do subprograma Territórios Indígenas, Marcos Ferreira, explica que o projeto acontece na Regional Noroeste, e seu intuito é o de promover o uso sustentável da Sociobiodiversidade presente nas Terras Indígenas Erikpaktsa, Japuíra e Escondido e o fortalecimento organizacional de organizações de base comunitária, como uma estratégia de gestão territorial, geração de renda, empoderamento feminino, manutenção da floresta em pé e contribuição para mitigação do aquecimento global.
“Ao todo, 40 aldeias serão beneficiadas pela proposta e cinco associações indígenas estão envolvidas no Projeto. Para o Programa REM MT, poder contribuir com o bem viver e ampliar a segurança e soberania alimentar e nutricional é um reconhecimento do papel fundamental que os povos indígenas têm diante da atual crise climática”, cita Marcos.