Mel, amendoim, cumbaru torrado, banana chips, farinha de banana e artesanato, são esses produtos do projeto Muxirum Quilombola que passaram a ganhar destaque no mercado, além de fortalecer a comunidade de Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, no Quilombo.
Apoiado pelo Programa REM MT, o projeto foi visitado neste fim de semana pela equipe do programa e doadores dos governos da Alemanha e Reino Unido, como parte da programação da Missão de Monitoramento do Programa REM MT.
O Muxirum Quilombola visa o uso sustentável dos recursos naturais através do manejo dos recursos extrativistas existentes nas comunidades quilombolas, tais como cumbaru, pequi, bocaiuva e babaçu, além do aumento no processamento de produtos oriundos do extrativismo.
Todo esse processo é feito a partir da produção agroecológica, com adoção de roças comunitárias e sistemas agroflorestais nos territórios quilombolas, respeitando os biomas Cerrado e Pantanal.
Para a coordenadora do projeto no quilombo Mata Cavalo, Laura Ferreira, é uma grande satisfação receber os doadores, para conhecer de perto o desenvolvimento do Muxirum Quilombola.
Saber e entender o modo de vida da comunidade é se aproximar dos doadores. “Hoje pra mim é muita gratidão poder receber essas pessoas de outros países e poder vivenciar um pouco do nosso cotidiano, dos nossos sistemas alimentares, e do nosso meio de produzir”, comenta Laura.
Laura mostra equipamentos adquiridos (Foto: REM MT)
O apoio do REM MT foi primordial para que o projeto pudesse decolar. Dentre as melhorias, como capacitações, também pode se destacar a aquisição de importantes equipamentos, como uma estufa para desidratar as bananas e um liquidificador para beneficiar o cumbaru, que é a castanha do Cerrado.
“O REM tem uma marca muito importante dentro da comunidade, porque ajudou a gente a ganhar mais liberdade, a partir do momento em que várias ações vieram não somente para essa comunidade, mas também para várias outras que estão dentro do REM. O apoio, a parceria, isso ajuda a gente a poder ganhar autonomia e sustentabilidade dentro do território, e principalmente a poder nos fixar cada vez mais dentro dos nossos espaços”, destaca Laura.
Klaus Köhnlein, Gerente do Portfólio do Departamento de América Latina e Caribe do KfW, comenta que o contato com as comunidades vai muito além da prestação de contas, também serve para sentir o avanço e melhoria na qualidade de vida que o projeto proporciona, assim como a preservação ambiental.
“Vimos no povo quilombola que esse recurso realmente faz a diferença na vida da comunidade, aumentou a capacidade de produção deles, ajuda a eles a melhorar a sustentabilidade dessa comunidade e para nós isso é fundamental, temos o dever também para os nossos doadores de comprovar que o dinheiro está sendo bem aplicado”, relata sobre o que viu.
Gerente do Programa REM MT no Reino Unido, Svenja Bunt, diz que atravessar um oceano e sair do escritório é importantíssimo, especialmente para se inteirar sobre a história das comunidades beneficiadas.
“Fiquei realmente impressionada com a visita, especialmente por ter a oportunidade de conhecer a história da comunidade, que passou por tempos difíceis e conseguiram criar e proteger a sua cultura aqui. Acho que é muito importante que o Reino Unido e outros países ajudem a proteger essas áreas onde as famílias podem produzir produtos locais, nativos e podem ajudar a comunidade a crescer”, comenta Svenja.
Em 4 anos de programa, a coordenadora geral do REM MT, Lígia Vendramim, reconhece todo o esforço da equipe pela manutenção da floresta em pé e pelo fortalecimento de povos indígenas e comunidades tradicionais.
O esforço resultou na assinatura da Fase 2 do programa, que vai receber mais recursos. “Conseguimos com muito esforço e um time muito empenhado, alcançar 107 municípios de Mato Grosso, e hoje são 144 organizações sociais que recebem recursos do programa. Pra gente é um grande orgulho, nas aldeias indígenas a gente alcançou mais de 600”, comenta sobre os resultados da Fase 1.