Arco do desmatamento: Artigo científico sobre projeto de pecuária sustentável apoiado pelo REM MT é publicado em revista científica internacional

Na região conhecida como "arco do desmatamento", cerca de 250 produtores rurais de Juara foram incentivados a realizar boas práticas na pecuária sustentável, a partir do projeto apoiado pelo Programa REM MT, "Estimativa de Cenários Sustentáveis por meio de modelagem computacional e sensoriamento remoto"

O projeto resultou em um artigo, produzido pela Fundação Uniselva, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Por ser considerada a região que mais cresce em termos demográficos e por sofrer fortes pressões de desmatamento ilegal, garimpo e exploração de madeira, diversos profissionais buscam alternativas mais sustentáveis para o município de Juara, por exemplo. 

Por meio do Subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis (PIMS), do REM MT, os produtores puderam ampliar seus conhecimentos e mudar a relação homem e campo, transformando informações acadêmicas em práticas reais de sustentabilidade. 

Arco do desmatamento

A região de Juara é conhecida como uma das cidades do "arco do desmatamento", pois vem passando por uma rápida e contínua conversão da floresta em pastagem e lavoura. Além disso, há registros de incêndios florestais, exploração de madeira e garimpo. 

Por conta do índice de degradação ambiental, Jordane Aparecida Vieira dos Reis decidiu buscar por uma solução. Ela comenta que, muitas vezes, o conhecimento acadêmico fica restrito ao ambiente da universidade, enquanto produtores rurais continuavam usando métodos que não colaboram com a floresta em pé. 

O estudo

Considerando que adaptar o treinamento agrícola para atender melhor as preferências e necessidades dos produtores e profissionais pode melhorar as práticas de produção agrícola e o gerenciamento do sistema de cultivo a longo prazo, o objetivo principal do estudo foi desenvolver perfis básicos de agricultores e profissionais da área agrícola na região central-norte de Mato Grosso.

Publicada na revista científica internacional Sustainability - MDPI, a pesquisa também almejou identificar as fontes e preferências de conhecimento e educação agrícola públicos e privados tanto para produtores quanto para profissionais dessa região, e também o método de extensão (como dias de campo, cursos, workshops e seminários, por exemplo) que os produtores e profissionais preferem para receber esse conhecimento e educação.

“O projeto tinha o objetivo geral de aproximar o campo, os produtores rurais, os profissionais, jovens e crianças do meio rural, com engajamento de comunidade e impactar os produtores com a implementação de unidades demonstrativas e unidades multiplicadoras. O objetivo específico foi identificar quais fatores influenciam a tomada de decisão desse produtor. Onde eles estavam buscando o conhecimento, porque nós acreditávamos que o produtor rural era a chave principal. Ele seria uma ponte, entre levar informações da cidade para o campo”, pontua.

O  resultado do estudo apontou que são necessárias iniciativas de treinamento mais específicas para os produtores e profissionais da região de Mato Grosso, com a continuação de atividades de extensão e pesquisa para apoiar a adoção de sistemas de cultivo mais diversificados e sustentáveis. Além disso, é necessário equilibrar o treinamento fornecido pelo setor privado com a extensão pública para incentivar a sustentabilidade dos sistemas de cultivo de commodities no Brasil e em outros lugares.

Jordane conseguiu abordar o impacto ambiental da pecuária e da agricultura, e simplificar um conhecimento que antes era difícil, para uma prática descomplicada. 

“Consegui difundir o conhecimento, para que os produtores pudessem realmente pensar ‘poxa, aqui é o caminho que devemos seguir’”, comemora. 

Compartilhando informações 

O desenvolvimento do artigo foi positivo para as comunidades rurais de Juara, pois contribuiu para o desenvolvimento intelectual, empoderamento e autonomia dos produtores, além de colaborar com a floresta em pé e tirar o nome do “arco do desmatamento” da região.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Empaer, Wininton Mendes da Silva, também auxiliou na construção do artigo. Ele comenta que aproximadamente 250 produtores da região foram impactados direta ou indiretamente pelo artigo.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Empaer, Wininton Mendes da Silva

“Foi um trabalho interessante para mostrar na prática algumas tomadas de decisão de manejo, que vão trazer além de mais sustentabilidade a longo prazo no sistema de produção deles, não vão impactar na produtividade, trazendo assim ganhos reais a longo prazo em relação à qualidade de solo”, explica. 

A partir da realização de eventos em fazendas modelos - que já aplicam sistemas de pecuária sustentável - os produtores puderam ver que as boas práticas também são aliadas do ganho econômico. 

A Unidade de Referência Tecnológica (URT) escolhida foi a Fazenda Santa Sofia, de Elcio Sguario Muchalak. Ele já era apontado como um “líder” da região, então seria um exemplo perfeito de boas práticas, que levaria outros produtores a fazer o mesmo.

“Trouxemos informações sobre como melhorar áreas de soja e milho, ajustes de adubação de culturas nos sistemas de produção deles, como tomar decisões para aumentar a sustentabilidade, ou seja, aplicamos os nossos sistemas de modelagem”, pontua. 

 

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.