Cinco cooperativas extrativistas indígenas e da agricultura famililar de castanha do Brasil - apoiadas pelo Programa REM MT e pela cooperação técnica internacional Alemã GIZ - participaram do 1° Encontro Nacional de Castanheiras e Castanheiros, realizado em Manaus, no Estado do Amazonas. O evento, considerado histórico, reuniu durante 3 dias representantes de 34 organizações extrativistas, 32 organizações indígenas e 2 organizações quilombolas, que discutiram os problemas e desafios da cadeia de valor da castanha do Brasil, além de criar formas de se organizar coletivamente para enfrentá-los.
No encontro, Mato Grosso foi representado pelos povos Apiaka, Kayabi, Cinta Larga, Zoró e Munduruku. Dessas cooperativas, a Zoró já é financiada pelo REM MT, por meio do edital de Chamadas de projetos 03/20, do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (APCTs/REM MT). Tal parceria resultou em uma safra recorde para os indígenas, que coletaram 70 toneladas, em dezembro passado, por meio da Cooperativa de Produção do Povo Indígena Zoró (COOPERAPIZ).
"Já as outras quatro cooperativas, que participaram do encontro de castanheiros, foram aprovadas na Manifestação de Interesse, visando a elaboração de Planos de Gestão de Cadeias de Valor dos produtos da sociobiodiversidade", como explica Paulo Nunes, engenheiro agrônomo e coordenador geral do projeto Sentinelas da Floresta, da Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena, que atua junto com os Zoró. A Manifestação de Interesse, mencionada por Paulo, também faz parte do subprograma AFPCTs/REM MT.
Para a comitiva de Mato Grosso, o encontro "foi memorável". Uma oportunidade única de debater comércio e preço justo e a criação de redes de comercialização da castanha do Brasil.
"Eu pude observar nesse encontro a valorização da castanha. Foi uma experiência a mais que eu pude trazer para o meu povo: mostrar a importância da coleta da castanha para os Kayabi", enfatiza Dionísio Mairaiup, cacique do povo Kayabi.
Ele destacou ainda que a terra indígena onde mora, em Juara, é muito rica de castanha. Nesse sentido, os conhecimentos adquiridos durante o encontro serão fundamentais para o seu povo fortalecer a produção e cadeia de valor desse produto da sociobiodiversidade. "Atividades como essa mostram para o povo Kayabi a importância de se valorizar a castanha. Então, pra nós, foi muito bom", reforça a liderança.
O EVENTO
O 1° Encontro Nacional de Castanheiras e Castanheiros ocorreu de 23 a 25 de agosto, em Manaus, sendo realizado pelo Coletivo da Castanha e pelo Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA), rede com mais de 150 extrativistas de mais de 70 organizações comunitárias.
O evento teve o apoio do projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a cooperação técnica internacional GIZ, com apoio do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha; da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (CLUA); e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID.
Por Marcio Camilo
edição: Mariana Vianna